“O apito tocou
O acorde soou
A orquestra vai tocar a introdução”...
(Evocação nº2 –Nelson Ferreira)
Essa pode ser uma introdução pura e simples mas quando se fala em carnaval , de um jeito ou de outro as coisas ficam um pouco conturbadas, ou seriam foliadas? Por certo uma introdução como cabe a um suplemento cultural poderia ser retirada , por exemplo, da Enciclopédia da Música Brasileira que no verbete dedicado ao carnaval nos explica que esta é uma festa popular “ de caráter coletivo, geralmente considerada como reminiscência das festas pagãs greco-romanas realizadas a 17 de dezembro” as Saturnais e 15 de fevereiro as Luperciais, quando se comemoravam as colheitas, “comendo e bebendo desbragadamente e se permitia inclusive aos escravos, usar máscaras”. Vai daí que, tomando fôlego do passo, temos aí algumas referências interessantes – escravos, máscaras – que nos remetem a outros famosos carnavais que são os de Veneza e de New Orleans.
Mas o que a festa pernambucana embalada ao som do frevo poderia ter com tudo isso? Muita calma que o folguedo é longo.
O acorde soou
A orquestra vai tocar a introdução”...
(Evocação nº2 –Nelson Ferreira)
Essa pode ser uma introdução pura e simples mas quando se fala em carnaval , de um jeito ou de outro as coisas ficam um pouco conturbadas, ou seriam foliadas? Por certo uma introdução como cabe a um suplemento cultural poderia ser retirada , por exemplo, da Enciclopédia da Música Brasileira que no verbete dedicado ao carnaval nos explica que esta é uma festa popular “ de caráter coletivo, geralmente considerada como reminiscência das festas pagãs greco-romanas realizadas a 17 de dezembro” as Saturnais e 15 de fevereiro as Luperciais, quando se comemoravam as colheitas, “comendo e bebendo desbragadamente e se permitia inclusive aos escravos, usar máscaras”. Vai daí que, tomando fôlego do passo, temos aí algumas referências interessantes – escravos, máscaras – que nos remetem a outros famosos carnavais que são os de Veneza e de New Orleans.
Mas o que a festa pernambucana embalada ao som do frevo poderia ter com tudo isso? Muita calma que o folguedo é longo.
O carnaval foi introduzido no Brasil pelos portugueses e era chamada de entrudo que segundo puristas , vem de introitus (começo, entrada) nome latino dado pela igreja católica para as cerimônias litúrgicas da quaresma.
O tal entrudo era uma brincadeira violenta, onde os foliões lançavam farinha, tinturas e até água suja ( as tais águas servidas). Foi proibido oficialmente tanto na Capital Federal ( Rio de Janeiro) como em Pernambuco. Em um processo civilizatório, gerado principalmente pelas aspirações da classe média as batalhas passaram a usar confete e serpentina e também os perfumes (mais tarde os tais rodometálicos utilizados para outros fins).
Estudiosos pernambucanos dizem que no Estado o entrudo português modificou-se assimilando as tradições da cultura africana (os batuques, pois não?). “No século XVII, escravos de organizações como a Companhia de Carregadores de Açúcar promoviam reuniões para a Festa de Reis, formando cortejos com bandeiras e improvisando cantigas ao ritmo de marcha. Juntos, as brincadeiras do entrudo e os cortejos de origem africana moldaram o festa pernambucana”.
Foi no século XIX, que surgiram os novos “sons” - o frevo e o passo, dando ao carnaval de Pernambuco uma identidade única no Brasil. A partir de então, operários urbanos organizaram as primeiras agremiações nos bairros populares. Muitas corporações mantiveram identidade profissional: os caiadores desfilavam juntos, assim como os lenhadores. Mas, com o tempo, foram sendo criados clubes com associação mais ampla , porém com nomes pouco ortodoxos.Vieram Canequinhas Japonesas, Marujos do Ocidente, Toureiros de Santo Antonio. Os blocos, tão famosos ao correr dos anos imprimiram suas legendas – “Madeira do Rosarinho”, “Inocente do Rosarinho”, “Rebeldes Imperial”, “Batutas de São José”, “Banhistas do Pina”, “Diversional da Torre”, “Flor da Lira”, “Bloco Piu-Piu”, “Bloco da Saudade”. E não para por aí – “Bloco das Flores”, “Andaluzas”, “Prilampos de Tigipió”, “Apôis Fum” citados em Evocação nº1 de Nelson Fereira. Edgar Moraes também em frevo homenageia outros nomes famosos como “Cartomantes”, “Camponeses”, “Bloco Um dia Só”, “Os Corações Futuristas”, “Bobos em Folia”, “A Flor de Magnólia”, “Lira do Charmion”, “Sem Rival”, “Jacarandá”, “Crisântemos”, “Se Tem Bote”, “Um Dia de Carnaval”, “Pavão Dourado”, “Camelo de Ouro, “Bebé”, “Batutas da Boa Vista”, “Turunas de São José”, “Príncipe dos príncipes’, “ Lira da Noite”. E ainda, o “Pitombeira dos Quatro Cantos”, o “Elefante de Olinda”, o “Pás Douradas” dos carvoeiros e arriscando ter esquecidos outros antigos e não citando os mais recentes, além de é claro, incidental “Bacalhau do Batata” , “As virgem do Bairro Novo” e o recordista em número de foliões, “O Galo da Madrugada”.
Junto a esses clubes ocorriam ainda outras manifestações populares. Eram os maracatus, ursos, caboclinhos, escolas de samba, que ruas afora completavam as atividades dos clubes, troças e blocos, que obviamente traziam influências européias, africanas e indígenas, provando que em Pernambuco até o carnaval é um dos maiores caldeirões culturais do Brasil.
Nessa loucura organizada e que temos o dever de preservar por ser um carnaval decididamente de participação popular vamos destacar alguns aspectos que precisam ser reapresentados ao público.
O frevo, música oficial do carnaval pernambucano e que tem também suas variações, divide espaço com outros ritmos como o maracatu, o afoxé, o samba, o caboclinho. Os instrumentos se multiplicam e vão dos trombones e trompetes do frevo-de-rua aos tambores e ganzás dos maracatus e afoxés, dos bandolins e banjos do frevo-de-bloco às sanfonas e triângulos dos ursos.
Segundo Antonio José Madureira “ enquanto o frevo é executado por uma banda de música ou orquestra de metais a marcha de bloco é acompanhado por uma orquestra que devido á sua formação peculiar, foi batizada pelo povo de “Orquestra de Pau e Corda”, isso porque ela traz em sua composição instrumental uma quantidade expressiva de violões, cavaquinhos,bandolins, banjos, violinos, contra-baixos, flautas, clarinetes, sax, bombardinos, etc, pandeiro e surdo.” O frevo, segundo o estudioso, é descendente direto dos dobrados das corporações militares, polcas e maxixes. O maxixe era a especialidade de Chiquinha Gonzaga que segundo insistem outros fez a primeira música especialmente composta para o carnaval, “Ô Abre Alas”, em 1889.
Porém, no Rio de Janeiro (então Capital Federal) em 1880 os cordões carnavalescos já existiam com composições próprias. Segundo a pesquisadora Marisa Lira , em 1885 o Cordão Flor de São Lourenço ia às ruas cantando –“ Ó dona Mariquinhas/ Agite seu lenço/ Para dar um viva/ À Flor de São Lourenço.”
Santos à parte, em geral nomes do bairros dos foliões, o carnaval muitas vezes reveste-se de enredos e teatralizações quase litúrgicas e com forte inspiração de raízes negras. Durante esse período de festas Recife promove o encontro de blocos e diversas manifestações culturais como afoxés, caboclinhos e maracatus. Na segunda-feira de carnaval, no Pátio do Terço , no Bairro de São José, acontece a Noite dos Tambores Silenciosos. É o encontro dos Maracatus de Baque Virado , uma reverência aos negros mortos durante o período da escravidão. Essa cerimônia ritualística da Noite dos Tambores Silenciosos foi criada na década de 60 pelo jornalista Paulo Viana. São inúmeros Maracatus de Baque Virado, também conhecidos por Maracatus Urbanos, remanescente das congadas e traz um cortejo real, que desfila ao som forte do batuque dos tambores. Existe uma grande religiosidade presente no maracatu e cada elemento do desfile tem um significado próprio . Aqui encontramos similaridades com as bandas do Mardi Grass de New Orleans que curiosamente, tocam tanto nos carnavais como nos enterros. As manifestações musicais fundem-se no paganismo e na religiosidade. No momento em que o carnaval é mais que nunca o carnem levare do latim (abstenção da carne) - pois a festa sempre foi comemorada no período que antecede a quaresma, quando se praticava a abstinência da carne
Por outro lado, outra manifestação com fortes influências européias também mostra os contrastes deste carnaval multifacetado que é o pernambucano.
É o a La Ursa como é conhecido o urso do carnaval com origens ciganas que historicamente, na Europa, percorriam a cidade com seus animais (ursos), presos numa corrente, que dançando de porta em porta em troca de dinheiro, a uma ordem dada -"dança la ursa!" o pobre animal fazia sua performance. Pense na Europa fria e um urso de verdade e agora remeta-se ao calor pernambucano com um homem vestindo um velho macacão coberto de estopa, veludo, pelúcia e máscara de papel-machê. O folião, preso por uma corda na cintura, segurado pelo domador, dança para todos ao som de toadas do próprio grupo ou sucessos das paradas carnavalescas,que podem variar para o baião, forró, xote e até polca.
A orquestra do urso de carnaval é formada por sanfona, triângulo, bombo, reco-reco, ganzá, pandeiro e conta com outro personagem importante, além do “domador” -o tesoureiro para arrecadar dinheiro. Alguns dos mais famosos ursos são o :Polar de Areias , Preto da Pitangueira , Texaco , Branco da Mustardinha , Popular da Boa Vista e Minerva .
O CARNAVAL DE VENEZA
Quando falamos em Veneza logo lembramos de suas máscaras e fantasias. Muitas delas encontram ressonância nas tradicionais fantasias de nosso carnaval. O mais antigo documento conhecido que diz respeito ao uso de máscaras pelos venezianos data de 2 de Maio de 1268. Lá estava proibido o uso de máscaras pelos homens durante os jogos de “ova”.
No início de 1300, promulgaram-se vários decretos que serviriam de paliativos ao incrível declínio moral dos venezianos daquele tempo. Mais tarde com diferentes decretos, um em 1669 e outro em 1718, foi proibido o uso de máscaras durante a quaresma e durante as festas religiosas que coincidiam com os dias de carnaval.
Depois da queda da República, o governo Austríaco não permite mais o uso da máscara, com excessão para as festas privadas e da elite.
O governo italiano se mostra mais aberto, mas desta vez são os venezianos que são os mais desconfiados. Agora Veneza não era mais a cidade do Carnaval, era somente uma pequena província do Império e, portanto, sem muita liberdade. Durante o segundo governo Austríaco foi permitido de novo o uso da máscara durante todo o Carnaval.
O carnaval de Veneza era um momento mágico, que envolvia toda a cidade, era a "transgressão" de todas as regras sociais e do estado, era para satisfazer as necessidades dos homens de entregar-se ao jogo e a embriaguez da festa. Mascarados em bauta (disfarce tipíco veneziano) era uma das fantasias preferidas. Os venezianos viviam intensamente este período, as salas dos palácios se abriam para as festas, e em todos os campos (praça) espetáculos e música alegravam o povo dia e noite. As ruas, os canais eram invadidos pelos mascarados e eram cumprimentados com um "bom dia senhora máscara", a identidade pessoal, o sexo, a classe social, não existiam mais. Todos faziam parte da grande ilusão do Carnaval.
Alguns lugares de encontro dos venezianos, eram o Campo São Paulo, Campo São Rocco, Campo São Salvador,Campo São Stefano, Campo Santa Maria Formosa, entre outros. Notem que a festa pagã estava em terreno da igreja, as praças frente a mosteiros e igrejas.
É preciso que se diga que a máscara em uma cidade como Veneza tem origens antiquíssimas e era usada por muitos meses durante o ano: seu uso era permitido desde o dia de Santo Stefano que começava o carnaval até a meia noite da terça gorda, dia que finalizava o Carnaval (naturalmente era proibido usa-las os dias de solenes festas religiosas).
Além deste período do ano os venezianos usavam a máscara durante a quinzena da Assunção e chegavam a utiliza-las até a metade do mês de Junho. Posteriormente seria concedido seu uso desde 5 de Outubro até o início da novena de Natal (16 de Dezembro)
Ainda hoje os venezianos durante o Carnaval usam fantasias do tipo mais estranho e bizzarro. Existe um documento curioso intitulado "Maniere introdotte se degli Uomini, che delle Donne per Vestirsi en Maschera ai tempi del Carnavale nel secolo XVIII" (Introdução à forma de vestir de homens e mulheres a máscara, para a temporada de Carnaval no século XVIII).
Para entendermos melhor o carnaval de Veneza, além da libação e libertinagem , tínhamos os bailes, as representações e os desfiles em gondolas, carros alegóricos e a cavalo. Como já dissemos a fantasia mais popular era a Bauta.
A Bauta como todo o resto não era exclusividade dos dias de carnaval. Para o veneziano era uma veste utilizada tanto por homens como mulheres e permitia toda a sorte de encontros fortuitos. É formada por um véu negro ou ocre , um tricorno (chapeu de tres pontas) negro e uma máscara branca.
Os outros persoonagens de destaque no carnaval de Veneza são "O Médico da Peste","Bernardon" (um velho alquebrado e sifílito nas comédias), "O Arlequim", "A Colombina" (ou também conhecida como Corallina, Ricciolina, Camilla e Lisetta)," O Capitão"," O Doutor" e "A Polichinela" (Pulcinella). Muitos deles são facilmente identificáveis nas manifestações populares brasileiras, personagens inclusive de marchinhas de sucesso. A similaridade do médico da peste (exterminada em 1575-1576 de Veneza graças a intervenção de São Rocco a quem o Dodge devia prestar anualmente suas homenagens) com os “Clóvis”, os clows mascarados que ainda resistem nocarnaval suburbano do Rio de Janeiro, é mais que aparente.
Curioso ainda é lembrar que o Hino Oficial da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira que tem música de Benedito Lacerda e Erivelton Martins e letra do Capitão Pessoa Ramos e Tenentes Rocha, Perdigão e Rui , tem uma letra que nasceu à beira do bar do Albergo Netuno, em Pisa, após uma missão de bombardeio em Veneza, durante o carnaval de 1945.
Até a guerra para brasileiro acaba em carnaval...
A orquestra do urso de carnaval é formada por sanfona, triângulo, bombo, reco-reco, ganzá, pandeiro e conta com outro personagem importante, além do “domador” -o tesoureiro para arrecadar dinheiro. Alguns dos mais famosos ursos são o :Polar de Areias , Preto da Pitangueira , Texaco , Branco da Mustardinha , Popular da Boa Vista e Minerva .
O CARNAVAL DE VENEZA
Quando falamos em Veneza logo lembramos de suas máscaras e fantasias. Muitas delas encontram ressonância nas tradicionais fantasias de nosso carnaval. O mais antigo documento conhecido que diz respeito ao uso de máscaras pelos venezianos data de 2 de Maio de 1268. Lá estava proibido o uso de máscaras pelos homens durante os jogos de “ova”.
No início de 1300, promulgaram-se vários decretos que serviriam de paliativos ao incrível declínio moral dos venezianos daquele tempo. Mais tarde com diferentes decretos, um em 1669 e outro em 1718, foi proibido o uso de máscaras durante a quaresma e durante as festas religiosas que coincidiam com os dias de carnaval.
Depois da queda da República, o governo Austríaco não permite mais o uso da máscara, com excessão para as festas privadas e da elite.
O governo italiano se mostra mais aberto, mas desta vez são os venezianos que são os mais desconfiados. Agora Veneza não era mais a cidade do Carnaval, era somente uma pequena província do Império e, portanto, sem muita liberdade. Durante o segundo governo Austríaco foi permitido de novo o uso da máscara durante todo o Carnaval.
O carnaval de Veneza era um momento mágico, que envolvia toda a cidade, era a "transgressão" de todas as regras sociais e do estado, era para satisfazer as necessidades dos homens de entregar-se ao jogo e a embriaguez da festa. Mascarados em bauta (disfarce tipíco veneziano) era uma das fantasias preferidas. Os venezianos viviam intensamente este período, as salas dos palácios se abriam para as festas, e em todos os campos (praça) espetáculos e música alegravam o povo dia e noite. As ruas, os canais eram invadidos pelos mascarados e eram cumprimentados com um "bom dia senhora máscara", a identidade pessoal, o sexo, a classe social, não existiam mais. Todos faziam parte da grande ilusão do Carnaval.
Alguns lugares de encontro dos venezianos, eram o Campo São Paulo, Campo São Rocco, Campo São Salvador,Campo São Stefano, Campo Santa Maria Formosa, entre outros. Notem que a festa pagã estava em terreno da igreja, as praças frente a mosteiros e igrejas.
É preciso que se diga que a máscara em uma cidade como Veneza tem origens antiquíssimas e era usada por muitos meses durante o ano: seu uso era permitido desde o dia de Santo Stefano que começava o carnaval até a meia noite da terça gorda, dia que finalizava o Carnaval (naturalmente era proibido usa-las os dias de solenes festas religiosas).
Além deste período do ano os venezianos usavam a máscara durante a quinzena da Assunção e chegavam a utiliza-las até a metade do mês de Junho. Posteriormente seria concedido seu uso desde 5 de Outubro até o início da novena de Natal (16 de Dezembro)
Ainda hoje os venezianos durante o Carnaval usam fantasias do tipo mais estranho e bizzarro. Existe um documento curioso intitulado "Maniere introdotte se degli Uomini, che delle Donne per Vestirsi en Maschera ai tempi del Carnavale nel secolo XVIII" (Introdução à forma de vestir de homens e mulheres a máscara, para a temporada de Carnaval no século XVIII).
Para entendermos melhor o carnaval de Veneza, além da libação e libertinagem , tínhamos os bailes, as representações e os desfiles em gondolas, carros alegóricos e a cavalo. Como já dissemos a fantasia mais popular era a Bauta.
A Bauta como todo o resto não era exclusividade dos dias de carnaval. Para o veneziano era uma veste utilizada tanto por homens como mulheres e permitia toda a sorte de encontros fortuitos. É formada por um véu negro ou ocre , um tricorno (chapeu de tres pontas) negro e uma máscara branca.
Os outros persoonagens de destaque no carnaval de Veneza são "O Médico da Peste","Bernardon" (um velho alquebrado e sifílito nas comédias), "O Arlequim", "A Colombina" (ou também conhecida como Corallina, Ricciolina, Camilla e Lisetta)," O Capitão"," O Doutor" e "A Polichinela" (Pulcinella). Muitos deles são facilmente identificáveis nas manifestações populares brasileiras, personagens inclusive de marchinhas de sucesso. A similaridade do médico da peste (exterminada em 1575-1576 de Veneza graças a intervenção de São Rocco a quem o Dodge devia prestar anualmente suas homenagens) com os “Clóvis”, os clows mascarados que ainda resistem nocarnaval suburbano do Rio de Janeiro, é mais que aparente.
Curioso ainda é lembrar que o Hino Oficial da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira que tem música de Benedito Lacerda e Erivelton Martins e letra do Capitão Pessoa Ramos e Tenentes Rocha, Perdigão e Rui , tem uma letra que nasceu à beira do bar do Albergo Netuno, em Pisa, após uma missão de bombardeio em Veneza, durante o carnaval de 1945.
Até a guerra para brasileiro acaba em carnaval...
“Passei o Carnaval em Veneza
Levando umas "bombinhas" daqui
Caprichei bem o meu mergulho
Foi do barulho, o alvo eu atingi
BINGO!!!!...”
O CARNAVAL DE NEW ORLEANS
O Mardi Gras (terça feira gorda em francês) na verdade é o Carnaval tal como conhecemos, o tempo antes do período de penitência simbólica que antecede a Páscoa. Até aí nada demais. O importante no Mardi Gras de New Orleans é que leva o nome motivado pela forte influência francesa naquela região norte-americana. O outro vórtice que nos interessa é a influência negra , na música e no comportamental. O sincretismo também merguha no paganismo. É interessante observar o som do swing tocado em New Orleans , com suas bandas de metais que tocam nada mais nada menos que marchas.
O Mardi Gras chega os Estados Unidos em 1827 trazido pelos que queriam resgatar as festas de rua de Paris, onde se dançava e arriscava-se a utilizar algum adereços de fantasias.
Os jovens de New Orleans entusiasmaram-se com a idéia no período que vai até 1833 mas tudo era ainda muito contido e que sempre culminava com um grande baile. Este ano tornou-se um marco quando Bernard Xavier de Marigny de Mandeville , rico fazendeiro, financiou a primeira celebração organizada do carnaval. A primeira parada só veio acontecer em 1839.
Mas o sucesso deste carnaval é medido de outra forma. Obviamente a expectativa de conseguir alguma coisa gratuitamente vai atrair muita gente. E você pode agarrar por qualquer coisa aquele que voa perto.
Nos dias que antecedem o Carnaval, os artesãos em Taiwan e China trabalham em dobro produzindo as jóias de pequenos valores que serão arremessadas dos carros alegóricos dos foliões para o público que está nas calçadas e balcões.
Um deles são os Doubloons. Estes pequenos tesouros são muitas vezes disputados quase aos tapas , apesar de nada valerem. São moedas de alumínio do tamanho de um dolar de prata. Existem versões de bronze e ouro mas que nunca são lançados ao público e sim colecionados pelos foliões de cada , digamos, clube.
Os doubloons foram introduzidos na festa em 1960 . Desde então, coleciona-los se tornou um dos passatempo principais dos foliões.
De longe, os objetos mais populares nas paradas são as "Beads" (pérolas), colares de contas plásticas coloridas. As vezes são moeda de troca...por cerveja. Pérolas plásticas, algumas de vidro pesado mas todas definitivamente guardadas. Outros clubes ( Krewes) tem sua marca própria de colares com medalhões plásticos que levam seu logotipo.
O tamanho da pilha de colares em torno do pescoço de uma pessoa é geralmente uma indicação de quanto sucesso ela está fazendo.
As mulheres paras conseguirem mais e mais prendas são incentivadas a mostrarem os seios ou algo mais em público. Isso acontece principalmente no que é conhecido como French Quarters. A sedução do carnaval de New Orleans é sustentada pelo tripé bebida, sensualidade e adereços. Apesar da boa música tocada, muitas vêzes eletrônica, mas preferencialmente de orquestras (bandas) de metais não marcaram o evento, ao contrário do que ocorre em Pernambuco e no Brasil.O grito -"Mostre seus seios", pode não ser politicamente correto, mas é com certeza o mote preferido dessa festa. Finalizando não poderia deixar de recorrer a Capiba para acertarmos esse nosso passo mesmo que também policamente incorreto...mas é carnaval!.
"Mulher que não consente seu marido passear/
E por qualquer besteira pega logo a reclamar/
É bom ficar em casa pras crianças balançar/
Chega pra lá deixa o homem se virar /
Chega pra lá deixa o homem se virar ...”
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