domingo, 10 de fevereiro de 2008

Beija-Flor é bicampeã do Carnaval do Rio cantando Macapá

A Beija-Flor ganhou o título de bicampeã do Carnaval carioca nesta quarta-feira, depois de ter sido tricampeã em 2005 e em meio à polêmica sobre suspeita de manipulação de resultados no Carnaval 2007 por parte do patrono da escola. Este é o 11o título da agremiação de Nilópolis.
O Salgueiro ficou em segundo lugar, seguido pela Grande Rio, Portela, Unidos da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense, que voltam à Sapucaí com a Beija-Flor no sábado no desfile das campeãs, enquanto a São Clemente caiu para o Grupo de Acesso.
Além de perder vários pontos em todos os quesitos, a São Clemente, única escola de samba da zona sul do Rio, perdeu meio ponto pelo desfile de uma passista com a genitália desnuda. A modelo Viviane Castro interpretava uma índia e usou um tapa-sexo de cerca de 4 centímetros, quase imperceptível, que caiu durante o desfile.
O bicampeonato da Beija-Flor adia mais uma vez o sonho da Portela de vencer o Carnaval, o que não acontece há 24 anos. A escola de Madureira, no entanto, conseguiu uma colocação melhor do que nos últimos anos e encantou a platéia.
Apesar da polêmica com a prisão do patrono da Beija-Flor no ano passado, o contraventor Aniz Abrahão David, já solto e presente no desfile de segunda-feira, a escola apresentou um Carnaval impecável sobre Macapá, capital do Amapá.
"Esse título é um cala boca para as críticas que nós recebemos no ano passado, teve muita gente que colocou em dúvida o nosso titulo e agora provamos a nossa competência", disse após a apuração do resultado no Sambódromo o puxador do samba-enredo da escola, Neguinho da Beija-Flor.
Enredo, fantasias e comissão de frente foram os únicos quesitos a retirar pontos da escola, que recebeu uma sucessão de notas 10.
PROFISSIONALISMO
O fato de a maior parte dos seus componentes serem da comunidade e um desfile luxuoso ajudaram a garantir a consagração já na avenida, de onde saiu aos gritos de "é campeã".
"A nossa diferença para as outras escolas é o profissionalismo. Temos também mais gente da comunidade, vestimos de 70 a 80 por cento da nossa comunidade e a tendência é ter 100 por cento da comunidade no futuro... quem pensar só em ala comercial no Carnaval vai se dar mal", afirmou Laíla, diretor de Carnaval da Beija-Flor.
No dia do desfile, o carnavalesco Laíla já havia antecipado o título, afirmando que a conquista iria mostrar que a Beija-Flor não precisava de manipulação de votos para ganhar o Carnaval.
Dona de um dos únicos bons sambas-enredos deste ano, a escola atravessou uma Marquês de Sapucaí lotada por volta das 3h da manhã, com o público cantando o forte refrão que traduz o amor à azul e branca: "O meu valor me faz brilhar, iluminar o meu estado de amor, comunidade impõe respeito, bate no peito eu sou Beija-Flor."
A criatividade dos carnavalescos Alexandre Louzada, Fran-Sérgio, Laíla e Ubiratan Silva foi percebida em todos os detalhes do desfile, desde as caprichadas coreografias de alas até as fantasias mais leves do que a escola costuma apresentar. Esta é a terceira vitória consecutiva do carnavalesco Alexandre Louzada, que em 2006 estava na Vila Isabel.
Um dos destaques da apresentação foram as alas simbolizando o encontro das águas do rio Amazonas com o mar (pororoca), e outra com componentes vestidos de peixe se intercalando com outros fantasiados de espuma do mar.
Entre os carros, o beija-flor dourado da abertura impressionou a avenida, assim como o carro "A era das navegações", de onde saíam grandes olhos com luzes que chegavam perto das arquibancadas e camarotes, no segmento que contava a história dos piratas.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), divulgado na semana passada, a Beija-Flor é a escola de samba com maior torcida no país, cerca de 1 milhão de fãs.
A Viradouro, que este ano esperava o título ao ousar novamente na avenida com carros alegóricos inusitados - como uma pista de esqui e uma série de insetos e bichos repugnantes- amargou um sétimo lugar, depois de ter ficado em quinto em 2007. A escola levou para a avenida o samba-enredo "É de arrepiar".
"Dizem que não faço Carnaval, faço show...se quiserem me arrumar um emprego em Hollywood estou aceitando. Eu faço Carnaval para o público não só para os jurados, não é esse resultado que vai mudar a minha filosofia de trabalho", ironizou o carnavalesco da Viradouro, Paulo Barros.

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